sábado, 28 de abril de 2012

Carregando um burro morto (de Alma Welt)















Carregando um burro morto - gravura (água-forte) de Guilherme de Faria, 1962 


Carregando um burro morto (de Alma Welt)
Eu via uma pobre alma penada
Arrastando a carcaça de um burro
Em plena noite negra numa estrada
E então lhe perguntava num sussurro:


“O que farás agora com estes restos,

Que aos homens todos abomina
Não só pelo macabro e os insetos
Mas pela insuportável fedentina?”
E ouvi aquela sombra torturada
Responder em tom grave e absorto
Que aí me pôs a alma amedrontada:


“Não sabes que a cada um que é vivo
Caberá carregar seu burro morto?
E ai de quem do Fiscal burlar o crivo!”

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