domingo, 22 de agosto de 2010

A Coruja (de Alma Welt)


 
A Coruja (de Alma Welt)

Longe canta a coruja, num cupim
E sou a única aqui a dar-lhe crédito
Como se dissesse só pra mim:
“Alma, não figuras neste édito,”

“Mas se queres minhas asas lhe darei,
Que são silenciosas por demais,
Passarás despercebida do meu rei
E quem sabe poderás voltar atrás.”

“Irás rever teu Vati e a Açoriana,
E ouvirás de novo da avó Frida
A casquinada pouco franciscana,”

“E agradecer ao teu avô Joachim,
Que saudoso da neta tão querida
Esta noite te recomendou a mim...”

14/01/2007

O Cordão (de Alma Welt)


Dança Macabra (detalhe)- desenho de Guilherme de Faria, de 1962

O Cordão (de Alma Welt)

Vejam na lombada da colina
O cordão trágico e dançante
Puxado pela silhueta fina
Da Moira descarnada, triunfante!

Dancem, ó dancem, infelizes!
Talvez façam a alegria retornar
No último instante nuns deslizes
Da megera que a vocês quer ensinar...

Já a onça bebeu água no riacho,
A porca o seu rabicó torceu,
A hora já chegou, fatal, eu acho.

Então dancem, que aí logo estarei,
Mas num solo (foi o que me prometeu)
Nesse palco da coxilha do meu rei...

(sem data)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Encontro com a Moira (de Alma Welt)

Estar em sintonia com a beleza
E ao ritmo fluindo de um adágio
Escolhido como som da Natureza,
Longe de conflito e de presságio,

Era só o que eu queria e esperava
Antes de encontrar-me com a Moira,
Surgida como dama fria e loira
Quando eu nestes prados passeava,

Que ao fitar-me quase me abismou
Enquanto me dizia em voz soturna:
“Alma cara, o seu tempo se esgotou...”

“Se tanto te esperei, não desesperes
Que não serei pra ti sombra noturna
Mas abraço de irmã, se assim preferes...”

17/01/2007