sábado, 16 de março de 2013

A Morte no Cavalo Pálido (de Alma Welt)






     
          Death on a Pale Horse - Albert Pinkham Ryder (american, 1847 – 1917)

A Morte no Cavalo Pálido (de Alma Welt)
 (para Albert Pinkham Ryder)

Lá vem o cavaleiro mais esquálido,
Aquele descarnado e com a foice,
Galopando no seu cavalo pálido,
A serpente muito perto do seu coice.

O céu é tenebroso, isto é receita
Para alguma pobre alma ser colhida
E uma vida ser ceifada na colheita
No mais das vezes bem desprevenida.

Há quem diga que a vida é prazerosa
E que não devemos olhar o lado escuro
Deixando pra poesia ou para a prosa

Nas estórias de serão de cuia e bomba
Na coxilha tomando o mate puro
Para depois dormir como uma pomba...

sábado, 9 de março de 2013

Ela (de Alma Welt)


O  lenhador e a Morte- ilustração para a fábula de La Fontaine
 
Ela (de Alma Welt)

A ela os governantes sucumbiram
E os reis, os maiores, destronados
Perderam suas cabeças, como viram
Na primeira fila os deserdados.

As mais belas cortesãs, até rainhas
Com os seus brancos pescoços perfumados
Perderam o sorriso e as covinhas.
Que digo? A cabeça e seus penteados...

Também o pobre a conhece muito bem,
Diante dela se cala e também muda,
Que, igualitária, a todos ela vem.

O lenhador ao defrontá-la disfarçou,
Mudou o pedido de sua ajuda
E quis mão só com a lenha que lenhou...
 

quinta-feira, 7 de março de 2013

A Última Dança (de Alma Welt)




                     A Dança da Morte - xilogravura de Alfred Rethel

A Última Dança (de Alma Welt)

Estamos à mercê dos oito ventos
E conforme seu sopro, tal destino.
Os dias, meses e anos, muito lentos,
E a caveira tocando o violino...

Nada faz muito sentido na verdade,
E precisamos criar uma mais pura,
Pra além de encontrar cara-metade
Ou quebrar a nossa cara na procura.

A Moira virtuose se concentra,
Pisicatos e arpejos primorosos
Enquanto a festa nossa, vã, adentra.

Façamos, pois, dos dias, ramalhetes
Para ofertar além dos nossos ossos
Que chacoalham em fios de molinetes...