sábado, 30 de abril de 2011

A Festa (de Alma Welt)

Não levantei o punho contra o céu
Por saber meu prazo já tão curto
Ao tirar dos olhos denso véu
Sem a frágil mente entrar em surto.

Mas se muito chorei já não o faço
E os dias que me restam desafio
Com as boas rimas e o compasso
Conhecidos canais do desvario

Que ora ponho a serviço de mim mesma
Como meio de dobrar o que me resta,
Dupla vida para a pródiga abantesma

Que há de para sempre aqui ficar
Entre os que jamais deixam a festa
Do casarão e da vinha em pleno ar...

(sem data)

A Visita de Lady Bones (de Alma Welt)

                                                                  Lady Bones

A Visita de Lady Bones (de Alma Welt)

Pressinto que está chegando ao fim
Conquanto ainda tão cheia de vida.
Matilde diz que isso está em mim,
Que vivo pensando em sua partida,

Pois a nossa visitante, Lady Bones,
Gringa velha que hospedamos há um mês
Não é dada a flautas nem trombones,
Mas afável e gentil como uma rês.

Quanto a mim, considero bem sinistra
A insistência em ir comigo ao poço
E como sua dieta administra,

Sem almoço, nem café nem chimarrão,
Não admira que esteja pele e osso
E que ao recolher-se acene a mão...

03/01/2007