quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Protesto (de Alma Welt)



Sejamos livres, francos e sinceros:
A vida está malfeita, é o que digo...
Morrer é um festival de desesperos
E vivemos sob um sórdido perigo.


Projetamos os deuses imortais
Somente por serem nossa imagem
Mas nos nossos termos ideais,
O que não é simples bobagem,

Mas do nosso antigo vão protesto
Contra a mortalidade é uma prova,
Pois o fim estraga todo o resto.

Ser pasto de vermes é um assombro
Que Deus jogou no nosso ombro
Com a tal perspectiva de uma cova...

Pacto (de Alma Welt)


Para viver, um pacto selamos
Com a Morte que vive a nos seguir
Aonde quer que porventura vamos,
Desde o nascedouro até o porvir,

Que este na verdade presumimos
Pois não sabemos da Moira a natureza,
Se é bela depois que a assumimos
Como as amadas revelam sua beleza...

Mas a julgar pelo seu vale das sombras
Com as nossas carcaças alvadias
A clamar sob a terra e suas alfombras,

Com seus dentes cerrados mas em riso
E as órbitas atônitas, vazias,
Creio que vamos ficar no prejuízo...